terça-feira, 11 de dezembro de 2007

ATIRE A PRIMEIRA FLOR


Quando tudo for pedra,atire a primeira flor;Quando tudo parecer caminhar errado,seja você a tentar o primeiro passo certo;Se tudo parecer escuro,se nada puder ser visto,acenda você a primeira luz,traga para a treva, você primeiro,a pequena lâmpada;Quando todos estiverem chorando,tente você o primeiro sorriso;


talvez não na forma de lábios sorridentes,mas na de um coração que compreenda,de braços que confortem; Se a vida inteira for um imenso não,não pare você na busca do primeiro sim,ao qual tudo de positivo deverá seguir-se; Quando ninguém souber coisa alguma,e você souber um pouquinho,seja o primeiro a ensinar,começando por aprender você mesmo,corrigindo-se a si mesmo;

Quando alguém estiver angustiadoà procura, consulte bem o que se passa,talvez seja em busca de você mesmoque este seu irmão esteja;Daí, portanto,o seu deve ser o primeiro a aparecer,o primeiro a mostrar-se,primeiro que pode ser o único e,mais sério ainda, talvez o último;Quando a terra estiver seca,que sua mão seja a primeira a regá-la;


Quando a flor se sufocar na urze e no espinho,que sua mão seja a primeira a separar o joio,a arrancar a praga, a afagar a pétala,a acariciar a flor; Se a porta estiver fechada,de você venha a primeira chave;Se o vento sopra frio,que o calor de sua lareira seja a primeira proteção e primeiro abrigo.Se o pão for apenas massa e não estiver cozido,seja você o primeiro fornopara transformá-lo em alimento.


Não atire a primeira pedra em quem erra.De acusadores o mundo está cheio;nem, por outro lado, aplauda o erro;dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora;
Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu;sua atenção primeiro para aquele que foi esquecido;seja você o primeiro para aqueleque não tem ninguém;


Quando tudo for espinho,atire a primeira flor; seja o primeiro a mostrar que há caminho de volta,compreendendo que o perdão regenera,que a compreensão edifica,que o auxílio possibilita,que o entendimento reconstrói.Atire você,quando tudo for pedra,a primeira e decisiva flor.
(Ernani Forastieri da Silva)

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